Don’t stop till you get enough

30.6.09

Não se recordava já em que ponto tinha perdido aquela vontade, se calhar nunca a tinha tido e teria sido só uma breve e virginal ilusão. Mas hoje mais do que nunca a coisa já se tinha tornado de tal forma mecânica que tinha que ocupar a mente com outros assuntos, tentanto abstrair-se do homem resfolegante que a agarrava de forma desesperada. "Porra para isto, este gajo não me corta as unhas, é isso, amanhã tenho que lhe comprar um corta-unhas. A acrescentar à lista de compras, deixa cá ver, um corta-unhas, pão, leite, sabão daquele azul para as nódoas de vinho na toalha de mesa da sala..." e assim desfiando o rosário de afazeres e obrigações esperava que o tempo passasse depressa para que ele finalmente a largasse e ela pudesse ter o seu momento de sossego. Sem passar pelo prazer, assim como quem vai directo à casa partida.

Era assim a vida, tinha-se perdido nela, encurralada entre um marido rabugento e inúmeras crianças as quais tinha uma certa dificuldade em identificar como suas. Queria parar tudo isso e saltar fora, procurar outro espaço, reclamá-lo só para si, sem marido nem filhos nem nada. Já estava na altura, já tinha aturado tudo, mais do que suficiente para que eles seguissem sem ela. Era isso, estava pronta para gritar "Basta!"

Comments

4 Responses to “Don’t stop till you get enough”
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Mercedes disse...

trocamos Sibila? é tudo o que eu quero, marido rabugento e inumeras crianças, a vida aborrecida sem noites nem mergulhos no desconhecido.

30 de junho de 2009 às 17:10
Sibila disse...

Trocas nada... ao fim de dois dias já ias estar toda arranhada! :P

30 de junho de 2009 às 19:13

Estava pronta para gritar. Mas gritou? Lá está, era o que me parecia...

(quase nunca gritam, Sibila. É uma maçada)

1 de julho de 2009 às 22:18
Sibila disse...

Ficamos sem saber Visconde, mas eu quero acreditar que sim! De cobardes está o mundo cheio não é?...

2 de julho de 2009 às 07:22

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