o alcance da outra

28.11.10

É infinito? Ou apenas patético, na sua tentativa de estabelecer posições há muito perdidas? Será que ela não sabe (ou não quer saber) o êxtase que te dei tantas vezes, a cumplicidade que temos, o teu olhar que diz tudo e me despe, a reacção da pele do teu pescoço que se arrepia com o toque, com a respiração, até com a intenção? Sabe.

o alcance do que não se adivinha

E agora? Como se escreve sobre aquilo que não se sabe? Que não se entende? Que só se sente e de que se sabe apenas que tem de estar certo porque o sinto certo? Porque a sinto certa? Sim, que ela encaixa em mim como um anel num dedo. Ela está certa em mim. Eu é que não estava em muita coisa.

o alcance dos pontos cardeais

27.11.10

Retornos à casa de partida. Círculos infinitos, viciosos. Montanhas russas. Tudo velho, gasto, déjá vu. Cansaço primordial como se carregasse o mundo às costas. Fome de amor. Fastio de migalhas dadas em rebates de consciência. Doenças, presenças a mais, ausências a menos. Farta, farta, farta. De mim própria e do que me tornei.

O alcance de procrastinar

22.11.10

Vou tratar do meu coração depois, ainda não sei o que fazer com a parte que era tua.

o alcance do que estava escrito

21.11.10

Sabes?… Amei primeiro a ideia de ti, antes de outra coisa qualquer, anos – sim, anos – antes de te conhecer. Não tinha provas da tua existência, mas não duvidei dela nem por um segundo: tinhas de existir, se eu já te amava. Amei-te pelo que sabia que serias, tudo o que é bom e mau em ti, e forte e fraco, e transparente e opaco, e se confirmou ao pormenor. Já nessa altura soube que ias ser um caso sério e que subiria aos céus contigo por um breve tempo, mas que depois desceria ao inferno de nunca te ter completamente.

O alcance do foda-se

19.11.10

o pior de tudo, o pi-or, é quando uma gaja se nos atravessa à frente. Eh pá... não quero saber se estava a demorar, se estava a ser delicodoce ou 8 year old like. Estava a ser, fosse como fosse, e a gaja sabia. Ela ouviu um ou outro risinho a comentar que giro que ele é, viu o interesse, o cerco pueril, as brincadeiras e bocas.
Muito pior, é considerar-se esta pessoa amiga. E até é, mas nas horas vagas, entretem-se com isto. Há porcarias que se vão aprendendo com a idade. Uma, para mim é que tenho amigas - poucas - a cem por cento, outras menos. O resto não são amigas. As menos, são poucas, raras. Pessoas capazes da melhor companhia, consigo ver que davam o que fosse preciso por mim, mas depois, por uma questão de ego, me tiram o tapete - que é como quem diz o flirt - debaixo dos pés. Não são amigas, pois não. E o resto, onde se enfia? As gargalhadas, as privates, o entendidmento inegável?
Viu, sabe e cala. A seguir que faz? Atropela-me só para ter atenção. Não, não estou a falar de roubar nada, nem sequer é por aí. Antes fosse. Falo de iniciar conversas banais, de gostos comuns, e ter alguma atenção. Depois vem o espectáculo triste de anunciar "ele comigo, é impecável, é um querido" quando trocaram duas ou três impressões sobre vampiros, ou guitarradas. E aquele "ele comigo" a ecoar-me, mais tempo que o permitido por lei, na cabeça. É a irracionalidade (essa é outra) a que chego em início de flirt, qualquer coisa me põe as garras de fora. São intímos porque ouvem a mesma trampa? Não me lixem. Sim, ao contrário do Rui Veloso, eu acho que se ama alguém que não ouve a mesma canção. Se me faz rir e alcança o que é preciso, pode ouvir ferrinhos, quero lá saber.
E eu? Eu não desisto, mas ainda me chego um pouco para o lado. Com ela finjo que não percebo, e a ele quase lhe cuspo em cima. Ninguém pode perceber, e eu, cada vez mais fula, atiro tudo ao ar.
Foda-se... não consigo ficar indiferente a esta deslealdade. Não consigo, e é uma merda. O foda-se tem alcance, quando nunca o uso em público e de repente me sai, sentido: "foda-se..."
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