A inocência dos silenciosos

1.6.10

Ela cala-se, emudece, baixa a cabeça quase em vénia. Ouve as palavras ditas em propositado descuido, escolhidas, parece-lhe, ao acaso, como que ali caídas nas mãos que se movem vagamente, na direcção de pardais que escondem o olhar -em vénia perante a migalha - que se podem assustar. Sim, há medo e migalhas à mistura e palavras caídas. Há anjos caídos, também, trespassados por setas cuspidas de corações furados. Há mãos em sangue das bicadas de pássaros inocentes. Há Alices que partem espelhos na cabeça de gatos que já deixaram de sorrir. Há o caçador e a mãe do cão. Há tempo a perguntar as horas ao tempo que passa. Há tantas coisas e nada é exactamente aquilo que não parece. São só palavras. Só palavras.

Comments

No response to “A inocência dos silenciosos”
Post a Comment | Enviar feedback (Atom)

Enviar um comentário