O alcance dos caminhos

27.12.10

Chego sempre a um ponto em que me perco. Em que já não sei falar com as pessoas.
Vou até ali, vou à vontade, é a minha praia. Não me atrapalho e de repente, há uma reacção que não é em nada parecida com a tua. Porque - grande parva, eu - as pessoas não são iguais e não agem da mesma forma.
E é nesta altura que relembro que só procuro o mesmo que tive. É um dia, dois no máximo. São as hormonas ao estalo e eu a furar o tecto de ansiedade. Diparo em todas as direcções e espero um sorriso e um abraço como os teus. Mesmo que depois de uma birra, uma discussão.
Desta vez faço melhor, estou cada vez menos cuidadosa. Escolhi - ou escolheram-me, é um facto - dois caminhos. Coisas inocentes, lights, chitty chat mais que outra coisa. E eu vou por ali fora. Contente, que te ultrapassei, que já nem penso muito em ti, que estás longe e o posso dizer com segurança... um dia destes.
Mas são duas metades de ti. Ou nem isso, é pior: uma metade de ti e um oposto. E eu hesitante entre uma - a que és tu, e na verdade nada recomendável nas parecenças, que só brinca comigo, mesmo quando sou uma besta; e hoje dei-lhe um chuto. Depois a metade que nada tem a ver contigo, que eu gostava que me levasse para mais longe de ti, e que é uma brasa, que me tresanda a traumas, defesas e ataques por causa dessas feridas, e mesmo assim eu podia ser tão feliz nem que por uns dias. Até já lhe descobri um ponto fraco... que era o teu. De fraco tem pouco e já me fez perder a cabeça outra vez.
E em dias como hoje, dou comigo à tua procura em todo o lado. Sem caminho nenhum para seguir, para me distrair que seja, só te procuro. Voltas e mais voltas que não dão em nada porque tu não estás e eu também não saberia que fazer agora se aparecesses. Mas procuro-te. Desoriento-me e só te procuro, porque só assim poderia tomar o meu rumo. Que - só nestes dias, espero - és tu.

O alcance da possessividade

7.12.10

Per-co a cabeça.
Qual leoa, marco um alvo. Farejo-lhe o passos, topo-lhe os gostos, adivinho-lhe as curvas e apanho-o sem que espere. Impressiono. Sei fazer isso lindamente. E gosto. E gosta. Faz parte do meu show.
Fico doente se na minha caça, se atravessa a mais mansa criatura. É irracional e não me importa que o seja. É assim, e não é de outra maneira.
Podem acontecer duas coisas: ou me desinteresso. Mas isso só acontece, se a coisa não estiver já a meio caminho. Ou me enfureço, deito as garras de fora e deixo-a desfigurada. Pela calada, puxo-a do caminho e desfaço-a. Volto ao meu caminho.
Para que se metem estas gajas? Por um bocadinho de atenção. Sem jogo, sem nada. Perco a cabeça, vou de cabeça, amigas ou não. Sim, amigas ou não. Perco a cabeça.

O alcance de uma ervilha

6.12.10

Sou Elvira. A que não se nomeia quando se joga ao stop. E de Eva, de Elena e de Elsa, mas nunca de Elvira, Elvira não-princesa, antes ervilha no fundo da própria cama. Sou Elvira, apenas mais uma, Elvira de voz a(gora) sumida. Sou Elvira de nome antigo, de cara que se quer sempre nova, de palavra remendada em crise moderna.
Sou uma Elvira, em suma. (a uma, a uma, a uma).