E aturar as ciumeiras ?

22.7.10

Diz o gajo que é casado vai para mais de vinte anos. Diz o gajo que desde que a filha mais nova nasceu, ele e a mulher simplesmente co-habitam, um abraço fugidio aqui, outro ali. Eu vou acenando com a cabeça, como se compreendesse e acreditasse em tudo.

Não compreendo. Não acredito. Mas faço de conta que sim, e depois dos desabafos o sexo é óptimo, há que admiti-lo.

Um último cigarro partilhado e lá vai ele, ao encontro do resto da vida de que não faço nem quero fazer parte. Aproveito para comer e ligo o portátil, faço a ronda habitual pelos mails, facebook, twitter, blogs, respondo a um comentário aqui, fico a pensar em posts que tenho que escrever mas estão ainda a amadurecer cá dentro.

Meio a devanear sobre um texto quase já todo escrito na minha cabeça, poiso o portátil ao lado e acendo a televisão. Apanho a série "Ossos", yay, é uma das minhas favoritas !

Quando dou por mim, são oito e meia da manhã e adormeci tal como estava. No portátil ainda ligado, tenho dez chamadas por atender no skype e quatro mensagens muito pouco simpáticas. No telemóvel, outras três chamadas não atendidas e um sms. Aparentemente "estive no skype". Com outra pessoa, claro. E não lhe atendi chamadas nem liguei nenhuma, o que aparentemente resultou num enorme ataque de paranóia.

Ainda aqui há dias, só mesmo para picar, lhe perguntei se ele teria ideia do que andaria a legítima a fazer naquele preciso momento. A resposta, foi um encolher de ombros indiferente e algo como 'não quero nem saber'.

Vou acordando, apagando tudo clique a clique e fico a matutar no drama todo que se desenrolou enquanto eu dormia calmamente. Envio de volta um sms que diz apenas "huh?". Não tenho bem a certeza se quero continuar a ser actriz neste filme. Se a mim não me pesa a consciência, não tenho que levar com os pesos das dos outros, certo? Engraçado isto, de não conseguirmos fugir à nossa subjectividade e corrermos a julgar a Outra pela nossa própria bitola de adúltero...

Visto cá de cima

21.7.10

O meu nome é Eva. Mas podem tratar-me apenas por "A Outra", se quiserem. Claro que de tempos em tempos cada uma de nós é A Outra na vida dos gajos com quem vamos estando. Porque existem outras prioridades, pessoais ou profissionais, é claro. E na realidade, muitas vezes eles também descem uns pontos nas nossas próprias prioridades e passam a ser eles O Outro que empata e nos limita.

No meu caso, contudo, eu sou realmente A Outra. Sou o serão no escritório, o projecto que tem que ser entregue dentro do prazo, a súbita reunião no estrangeiro que calhou em tão má hora.

Mas fiquem descansadas, não vim com o objectivo de vos contar nenhuma história de fazer chorar as pedras da calçada. Achei apenas que seria útil poder proporcionar uma perspectiva diferente. Sei lá, pode até ser que vocês desse lado, as legítimas esposas, começem a olhar-nos de outra forma e se apercebam de quanto acabamos por vos facilitar a vida :)

Ou seja, vai ser assim: estórias e historietas, umas engraçadas, outras nem tanto. Todas baseadas em factos reais e vividas por quem tem, pelos vistos, vocação inata para se meter com esse gajo com quem são casadas, com quem vivem, para quem vivem, seja o que for.

Volto em breve com a primeira. Até lá... descontraiam e aproveitem as férias tanto quanto possível, sim ?

o alcance do ego

13.7.10

tenho um amigo que é a pessoa mais egoísta que conheço. mas por ser católico e amigo de padres diz à boca cheia "somos todos tão egoístas". como se a mera noção de o ser o tornasse menos virado para si próprio. somos tão egoístas e tudo a ficar na mesma somos tão egoístas e um encolher de ombros um risinho somos tão egoístas, uns tontos nós, que maçada a natureza humana.
és assim também, virado para o teu ego como um espelho gigante onde reflectes os outros. e talvez não fosse tão devastador senão tivesses antes de ti uma série deles que não foram assim, senão tivesses do lado oposto do campo um que não é assim. nesse caso, mesmo ele sendo assim, mais feio, menos interessante, menos excitante e até - atrevo-me a dizer - pior na cama, tu perdes e ele ganha. temos pena.

o alcance do inalcançável

8.7.10

também eu meu caro pensei que quando me apaixonasse iria ser tudo maravilha passarinhos a cantar a vida atráves dos óculos cor de rosa e essa merda toda. lembro-me que um dia fiz um coração no status do facebook porque aprendi a fazer nesse dia corações e de alguém ter assumido que aquilo era uma declaração e eu ter de negar com o coração pesando quilos eu nunca me vou apaixonar. eram quilos de pena.

como era possível ter-me esquecido deste sentimento de insuficiência que acompanha estas coisas? do coração a pesar quilos do não me liga não gosta de mim não quer saber no matter what.


não há maneira é isso fofo. não há maneira de fugir à infelicidade.